Correntes - Família Mendola - Da Sicilia para o Brasil! Embarque conosco nesta viagem...

Ir para o conteúdo

Menu principal

Correntes

Contando Causos

Correntes


Nos meados de 1948, no bucólico bairro da Cascatinha, em Marília/SP, residia um jovem casal de recém-casados, Emílio e Lúcia. Emílio, com 24 anos, e Lúcia, aos 18, estavam descobrindo os prazeres e desafios da vida a dois. Naquela época, a maioria das casas eram iluminadas por velas ou lampiões, pois a energia elétrica ainda não havia chegado em todas as casas desses vilarejos. As noites eram um convite para longas conversas com parentes e vizinhos, a principal distração após o cair da noite. Com poucas opções de entretenimento, era comum que todos fossem dormir cedo, prontos para a labuta diária que os aguardava.

Por volta da meia-noite, no entanto, o vilarejo mergulhava em um mistério. Sons de gemidos e correntes sendo arrastadas pelas ruas perturbavam o silêncio noturno. Ao amanhecer, estranhas evidências eram encontradas: cavalos com crinas e rabos trançados de maneira intricada, entre outras peculiaridades. A inquietação se espalhava, e as opiniões divergiam quanto à origem desses fenômenos.

Alguns acreditavam ser obra de uma alma penada, um espírito inquieto a vagar pelo vilarejo. Outros, mais inclinados às lendas populares, apostavam que era um saci fazendo travessuras ou até mesmo um lobisomem. A imaginação corria solta, e o medo aumentava, especialmente entre as mulheres do bairro da Cascatinha.

Uma noite, Emílio decidiu tentar resolver o mistério. Ele se armou de coragem, algumas velas e um lampião, e se escondeu atrás de uma moita, esperando que algo acontecesse. O relógio marcava meia-noite quando ouviram-se os primeiros gemidos e o som metálico das correntes. O medo era palpável, mas a determinação de Emílio o manteve firme.

Subitamente, viu uma figura sombria movendo-se pelas ruas. Emílio, tentando conter o medo, acendeu o lampião e gritou: — Ei, quem está aí?

Para surpresa de Emílio, a figura deu um salto e correu em disparada. Emílio ainda espantado, voltou para casa sem respostas, mas com uma história ainda mais intrigante para contar.

Ao amanhecer, a notícia se espalhou rapidamente pelo vilarejo. Todos queriam saber o que Emílio tinha visto. A figura misteriosa poderia ser um espírito, um saci, um lobisomem ou alguém se divertindo às custas do medo alheio. A lenda, até hoje, permanece viva na memória daqueles, que naquela época, moraram no bairro da Cascatinha, que, entre risos e arrepios, relembram os tempos em que o vilarejo era palco de assombrações noturnas.

E assim, Emílio ficou conhecido não só como o jovem corajoso, mas também como protagonista de uma das histórias mais misteriosas do bairro da Cascatinha.


Correntes
Voltar para o conteúdo | Voltar para o Menu principal